"Sou o vampiro Lestat. Lembram-se de mim? O vampiro que se tornou um superastro do rock, aquele que escreveu a auto-biografia? Aquele de cabelos louros e olhos cinzentos, e o desejo insaciável de notoriedade e fama? Vocês se lembram. Eu queria ser um símbolo do mal num século brilhante que não tinha espaço para o mal literal que eu sou. Achei até que faria algum bem dessa maneira - bancando o demônio num palco pintado. (...)
Estou um pouco mais triste por causa disso tudo, um pouco mais perverso, e também um pouco mais cuidadoso. Estou também infinitamente mais poderoso, embora a minha parte humana esteja mais perto da superfície do que nunca - um ser angustiado e faminto que ao mesmo tempo ama e odeia essa invencível casca imortal que me aprisiona. A sede de sangue? Insaciável, embora fisicamente eu precise menos do que nunca - acho que agora poderia viver inteiramente sem sangue. Mas o desejo que sinto por tudo que anda me diz que nunca farei essa experiência. Sabem, de qualquer maneira nunca se tornou simplesmente de uma necessidade de sangue, embora o sangue seja o mais sensual que uma criatura possa desejar; é a intimidade do momento - matar,
beber - a grande dança dos corpos colados que se desenrola à medida que a vitima enfraquece e eu me sinto expandir, engolindo a morte, que por uma fração de segundo resplandece enorme como a vida. Mas isto é falso. Nenhuma morte pode ser enorme como a vida. E é por isso que estou sempre tirando a vida, não é? E agora estou mais do que nunca longe da salvação. E ter consciência disso só piora as coisas. (...)
Talvez os antigos estejam certos. Refiro-me agora aos verdadeiros imortais - os bebedores de sangue que sobreviveram aos milênios - que afirmam que nenhum de nós realmente muda com o tempo; apenas nos tornamos mais integralmente o que somos. Em outras palavras, ficamos realmente mais sábios quando vivemos centenas de anos; mas também temos mais tempo para nos tornarmos tão ruins quanto nossos inimigos sempre disseram que nos tornaríamos. E sou o mesmo demônio que sempre fui, o rapaz que queria o centro do palco, onde podem me ver melhor, e talvez me amar. Uma coisa não serve sem a outra. (...)
No final das contas, vivemos num mundo de acidentes, no qual apenas os princípios estéticos possuem uma consistência a respeito do qual podemos ter certeza. Lutaremos para sempre com o certo e o errado, esforçando-nos para criar a manter um equilíbrio ético; mas o brilho da chuva de verão sob a luz dos postes ou grande clarão da artilharia de encontro ao céu noturno - essa beleza brutal está acima de discussões."
Estou um pouco mais triste por causa disso tudo, um pouco mais perverso, e também um pouco mais cuidadoso. Estou também infinitamente mais poderoso, embora a minha parte humana esteja mais perto da superfície do que nunca - um ser angustiado e faminto que ao mesmo tempo ama e odeia essa invencível casca imortal que me aprisiona. A sede de sangue? Insaciável, embora fisicamente eu precise menos do que nunca - acho que agora poderia viver inteiramente sem sangue. Mas o desejo que sinto por tudo que anda me diz que nunca farei essa experiência. Sabem, de qualquer maneira nunca se tornou simplesmente de uma necessidade de sangue, embora o sangue seja o mais sensual que uma criatura possa desejar; é a intimidade do momento - matar,
beber - a grande dança dos corpos colados que se desenrola à medida que a vitima enfraquece e eu me sinto expandir, engolindo a morte, que por uma fração de segundo resplandece enorme como a vida. Mas isto é falso. Nenhuma morte pode ser enorme como a vida. E é por isso que estou sempre tirando a vida, não é? E agora estou mais do que nunca longe da salvação. E ter consciência disso só piora as coisas. (...)
Talvez os antigos estejam certos. Refiro-me agora aos verdadeiros imortais - os bebedores de sangue que sobreviveram aos milênios - que afirmam que nenhum de nós realmente muda com o tempo; apenas nos tornamos mais integralmente o que somos. Em outras palavras, ficamos realmente mais sábios quando vivemos centenas de anos; mas também temos mais tempo para nos tornarmos tão ruins quanto nossos inimigos sempre disseram que nos tornaríamos. E sou o mesmo demônio que sempre fui, o rapaz que queria o centro do palco, onde podem me ver melhor, e talvez me amar. Uma coisa não serve sem a outra. (...)
No final das contas, vivemos num mundo de acidentes, no qual apenas os princípios estéticos possuem uma consistência a respeito do qual podemos ter certeza. Lutaremos para sempre com o certo e o errado, esforçando-nos para criar a manter um equilíbrio ético; mas o brilho da chuva de verão sob a luz dos postes ou grande clarão da artilharia de encontro ao céu noturno - essa beleza brutal está acima de discussões."
A Rainha dos Condenados
Anne Rice.
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