quando eu era pequena, minha fascinação era estar entre canetas e papéis. gostava de ver aquela quantidade imensa de cor, desenhos e jeitos. tudo era tão perfeitamente exposto que realmente me fazia querer estar ali. mexer, ler, rabiscar.. quando íamos ao shopping, minha mãe prestava a atenção nos sapatos e bolsas dos mais variados tipos, eu, ia pra papelaria.. e todo o dia eu pedia uma caneta nova, ou uma folha de outra cor. acumulei assim pilhas e montantes de agendinhas, canetas e papeis soltos. antes de dormir, escolhia um diferente e fazia alguns riscos, desenho ou palavras que me viessem à cabeça.
mantive esse costume por muito tempo, até que chegou o dia em que eu precisava saber aonde estava escrito alguma coisa e simplesmente não encontrei. decidi eleger um só, que me fosse de auxílio a memória. acontece, que a maioria das coisas que me acompanham por muito tempo me enjoam, e assim como tudo, quis trocar de papéis. como faço aniversário no final do ano, meu presente sem duvida sempre foi algumas folhas reunidas de um jeito bonito. assim deu para registrar uma porção de coisas que se passavam na minha cabeça, ou na cabeça dos outros eventualmente..
depois da minha festa de quinze, fui fazer a contabilidade de presentes e vales que tinha ganho e entre muita rouparia, me surpreendi em ver que somente um era sobre papéis. a alguns anos atrás, eles seriam exclusivos.
no dia seguinte mesmo fui no shopping trocar aquela quantidade imensa de presentes repetidos e/ou que não seriam de utilidade nenhuma.
a maioria das coisas era da mesma loja e acabei reunindo para a troca uma bolsa e alguns itens de decoração. eram objetos demais a serem substituídos, mas eu não me interessava por mais nada dali. antes de confirmar a troca, no balcão do caixa vi escondido uma espécie de livro, de capa azul com detalhes em roxo e uma fita da mesma cor que o mantinha fechado. sem hesitar e com um pouco de pressa nem abri, simplesmente coloquei junto com aquilo que eu iria levar.
depois de chegar em casa e organizar as sacolas, abri a embalagem e então o tal "livro". eram páginas extremamente brancas, e só.
fiquei algum tempo com aquilo jogado no meu quarto, até que eu precisava organizar o que eu levaria ou não para a praia. depois das roupas, fui reunindo o que eu precisaria para viver lá, e junto, levei o livro azul na bolsa.
era a manhã que nascia do reveillon e antes de dormir resolvi deixar o meu primeiro registro ali. fui notando que aquele parecia um hábito diário, e que talvez eu saísse de casa sem o celular, mas não sem o livro azul. me peguei várias vezes na escola rascunhando ou colando alguma coisa ali, esquecendo completamente da aula. meus colegas adoravam comentar - e rir - de como tudo aquilo era misterioso, já que eu não largava nunca e ninguém já tinha visto o que tinha escrito ali. quando ele sumia por 5seg, eu fazia um escandalo sem tamanho até recuperar o livro.
até que eu resolvi deixar ele na sala durante a educação física, mas como era de se esperar, depois daquele dia eu nunca mais o vi, exceto pelo "presente" que ganhei um dia ao chegar na sala: duas das fotos que eu tinha colado lá, cortadas e coladas em uma outra folha solta.
durante muito tempo eu realmente me abalei pela falta do livro que me fez companhia, mas como tudo, o que não é visto, não é lembrado, eu simplesmente guardei ele em algum canto da minha memória que não fazia mais parte do dia-a-dia.
outro caderno, dessa vez rosa e mais chamativo veio e já se foi também.. agora eu tenho um blog, e um twitter :)
o livro azul e eu vesga, a muito tempo atrás.
Cris:
Oi!
por acaso vc nao perdeu uma agendinha azul?!? :) 14:19 (3 horas atrás)
carolina:
olha.. no ano passado sim..
pq? :) 16:32 (53 minutos atrás)
Cris:
se vc quiser pega-la, esta aqui comigo! :)
acharam ela aqui na frente da empresa...
qualquer coisa me manda um e-mail: ------@hotmail.com 16:51 (33 minutos atrás)
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