terça-feira, 7 de abril de 2009

good day sunshine

ele talvez precisasse de um motivo para realmente viver.
só saia da cama com um bom motivo para tal, por alguém ou algo maior. mas sempre foi mais fácil ficar ali, entre as cobertas, sem ter vontade de encarar a possibilidade da dor.
não tinha cortina nas janelas, gostava de ver a luz sempre ali, mesmo com o medo de sair e ver o dia. tinha horror a despertadores, relógios e alarmes, talvez porque eles eram reais demais para o seu país das maravilhas.
e viveu relativamente bem ali, por anos. mascarando a realidade, fazendo de conta que nada existia além das cobertas e os raios de sol que mal entravam pelas frestas da janela.
relativamente bem.
depois de um tempo aquele espaço torno-se pequeno demais, escuro demais e as cobertas sufocantes. já era tempo demais ali, no mesmo lugar. não bastava mais os raios do sol, queria te-lo por inteiro. queria não mais o calor do seu próprio corpo abafado por pedaços pesados de pano, queria sentir a pele queimar, arder, mudar de cor.
então fez as malas, juntou toda a esperança misturada com fome de vida que tinha ali e foi embora.

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